Filho do traficante mexicano El Chapo, se declara culpado de acusações de tráfico de drogas nos EUA
Ovidio Guzman Lopez, filho do traficante mexicano “El Chapo” se declarou culpado das acusações que enfrenta relacionadas ao tráfico de drogas nesta sexta-feira (11).
Ovidio Guzman Lopez , 35, foi considerado culpado de duas acusações de distribuição de drogas e duas acusações de participação em empreendimento criminoso contínuo perante a juíza distrital Sharon Coleman, em Chicago. Ele pode pegar prisão perpétua.
Os promotores alegam que Ovidio Guzman Lopez e seus irmãos — conhecidos como “Chapitos” ou pequenos Chapos — reviveram o Cartel de Sinaloa após a prisão de seu pai em 2016 ao adotar o fentanil, obtendo centenas de milhões de dólares em lucros ao enviar o opioide mortal para os EUA.
Ovidio Guzman Lopez, também conhecido como “El Raton” ou “Raton Nuevo”, foi extraditado do México para os EUA em setembro de 2023 como parte da guerra do governo federal contra o fentanil, uma droga altamente letal que matou quase 200 americanos diariamente em 2023.
Esse número de mortes tem sido um ponto crítico nas negociações comerciais do presidente Donald Trump com o México, com Trump exigindo que o México faça mais para interromper o fluxo de fentanil em troca de alívio tarifário.
O irmão de Ovidio Guzman Lopez, Joaquin Guzman Lopez, foi preso em El Paso junto com o chefão de Sinaloa, Ismael “El Mayo” Zambada, em julho passado, em um golpe dramático para as autoridades dos EUA, que recrutaram Joaquin Guzman Lopez para atrair Zambada para o país em um avião particular.
Também conhecido como “El Guero” ou “Guero Moreno”, Joaquin Guzman Lopez se declarou inocente das acusações de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, e os promotores dizem que não vão aplicar a pena de morte contra ele.
Zambada, cofundador do Cartel de Sinaloa com El Chapo, também se declarou inocente. Em fevereiro, seu advogado disse à Reuters que ele estaria disposto a se declarar culpado se os promotores concordassem em poupá-lo da pena de morte.
El Chapo está cumprindo pena perpétua em uma prisão de segurança máxima no Colorado após sua condenação por tráfico de drogas em 2019.
El Mayo e filho de El Chapo
Reprodução
Ismael “El Mayo” Zambada garantiu que foi traído por Joaquín Guzmán López, filho do ex-líder do Cartel de Sinaloa (El Chapo), que o convocou para uma reunião na qual supostamente estariam presentes outro líder do cartel e o governador do estado. Segundo ele, em vez disso, foi trazido para os Estados Unidos contra sua vontade, de acordo com uma carta divulgada no sábado por seu advogado.
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Na carta, tornada pública por Frank Pérez, datilografada e sem assinatura, Zambada afirmava que foi raptado, amarrado e encapuzado antes de ser colocado no avião que o levaria para território norte-americano onde seria entregue às autoridades, enquanto Guzmán López se rendia.
Além dos detalhes do dia que terminou com a prisão dos dois traficantes de drogas no Texas, El Mayo, de 76 anos, revela o tipo de relacionamento que teve com políticos de Sinaloa, no noroeste do México. Ele afirma que entre seus seguranças havia um comandante da Polícia Judiciária do Estado.
A carta foi tornada pública apenas um dia depois de o embaixador dos EUA no México, Ken Salazar, ter afirmado que Guzmán López entregou Zambada numa operação na qual o governo dos EUA não participou.
Segundo El Mayo, atualmente preso e acusado nos tribunais norte-americanos por tráfico de drogas, ele foi convocado no dia 25 de julho para uma reunião por Guzmán López, na qual estavam Iván Guzmán, outro filho de seu ex-companheiro Joaquín “El Chapo” Guzmán —agora condenado à prisão perpétua nos Estados Unidos—, o governador de Sinaloa, Rubén Rocha —do partido do presidente Andrés Manuel López Obrador— e outro ex-parlamentar daquele estado.
Ao chegar ao local do encontro, em um centro de eventos nos arredores de Culiacán, capital de Sinaloa, Zambada afirma que havia “um grande número de homens armados em uniformes militares verdes” que ele presumiu serem pistoleiros dos filhos de “El Chapo” e cumprimentou o ex-deputado Héctor Melesio Cuén, assassinado naquele mesmo dia.
Explica que então viu Guzmán López, “que conheço desde criança”, mas não menciona ter visto o governador.
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Rubén Rocha, falando à mídia local após as detenções, disse que naquele dia havia saído de Sinaloa e estava em Los Angeles. Seu escritório não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, que deve realizar um evento em Sinaloa neste sábado, disse que esperaria para comentar até depois de ouvir o governador.
“Confiando na natureza da reunião e nas pessoas envolvidas”, Zambada diz que seguiu Guzmán López até uma sala que estava escura e onde “me atiraram ao chão, colocaram um capuz escuro na minha cabeça, me amarraram e me algemaram”. Segundo sua versão, causaram “ferimentos graves” nas costas, joelhos e pulsos.
Depois, segundo a carta, colocaram-no na traseira de um caminhão, onde foi levado para uma pista de pouso a cerca de 20 minutos de distância e depois colocado em um avião para o Texas no qual estavam apenas ele, o piloto e Guzmán López.
“El Mayo” Zambada, o chefe mexicano mais antigo e astuto, escapou das autoridades durante décadas, nunca pôs os pés na prisão e era conhecido pelo seu poder corruptor e pela sua capacidade de negociação com todos, incluindo grupos adversários, com os quais todos os especialistas já previam que, uma vez preso, as informações poderiam começar a fluir de seus contatos com todos os tipos de autoridades.
E embora liderasse uma facção do cartel diferente da de “Los Chapitos” – os filhos de “El Chapo” – alguns especialistas garantiram que o diálogo entre eles foi mantido apesar da rivalidade.
EUA anunciam prisão de ‘El Mayo’ e filho de ‘El Chapo’ em aeroporto do Texas
“El Chapo” Guzmán foi condenado à prisão perpétua nos Estados Unidos
EPA
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Os EUA anunciaram a prisão e”El Mayo”, e Joaquín Guzmán López, um dos filhos de Joaquín Guzmán, o “El Chapo”. Os dois são chefes do cartel mexicano de Sinaloa, considerado uma das organizações criminosas mais poderosas do mundo, segundo o Departamento de Justiça norte-americano.