O Supremo Tribunal Federal (STF) repostou nesta terça-feira (23) em sua conta do X uma entrevista do cientista político Steven Levitsky, professor da Universidade de Harvard e autor do best-seller “Como as Democracias Morrem”.
O STF compartilhou trecho em que o pesquisador afirma que “hoje, o Brasil é mais democrático que os Estados Unidos”.
A frase foi dita por Levitsky em entrevista à BBC News Brasil, publicada na segunda-feira (22), na qual o autor compara as respostas institucionais do Brasil e dos EUA às tentativas de golpe lideradas, respectivamente, por Jair Bolsonaro e Donald Trump.
“Acho que hoje o Brasil é um sistema mais democrático do que os Estados Unidos. Esse pode não ser o caso daqui a um ano, mas hoje as instituições brasileiras estão funcionando melhor”, disse Levitsky.
STF confirma decisão de Moraes que aplicou medidas restritivas a Bolsonaro
Comentários sobre o STF
Levitsky destacou a atuação do STF na defesa da democracia entre 2018 e 2022, afirmando que a Corte “fez o que precisava ser feito”. No entanto, alertou que, superada a crise institucional, será necessário “empurrar o Supremo de volta para seu devido lugar”, já que, em democracias saudáveis, órgãos não eleitos não devem formular políticas.
“O tribunal parece estar no seu devido lugar. Este é o trabalho do tribunal: julgar Bolsonaro e puni-lo, se ele for de fato considerado culpado”, completou.
Críticas a Trump e apoio ao Brasil
O professor criticou duramente o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, pela imposição de tarifa de 50% sobre produtos brasileiros e pelas sanções simbólicas contra ministros do STF, entre eles Alexandre de Moraes.
Segundo Levitsky, as ações de Trump são “mais personalizadas, desinformadas e arrogantes” do que as interferências norte-americanas ocorridas durante a Guerra Fria.
“Não se trata de uma política séria, mas de um capricho pessoal de Trump baseado em muita desinformação, muita ignorância e muita arrogância”, afirmou.
Steven Levitsky afirma que ‘Trump usou desta vez um discurso populista que seria bastante familiar em grande parte da América Latina’.
Stephanie Mitchell via BBC
Brasil como alvo
Para Levitsky, o governo brasileiro se tornou alvo por não se curvar à vontade dos EUA. Ele afirmou que Trump espera subserviência de países que não são potências nucleares, como Brasil, e tende a atacar os que demonstram independência.
“Governos como o Brasil, que não se curvam, têm mais chances de se tornarem alvos.”
Alerta para democracia nos EUA
O cientista político também fez uma avaliação crítica da situação interna dos Estados Unidos, afirmando que o país “perdeu sua democracia” nos últimos seis meses e que vive hoje uma forma branda, mas real, de autoritarismo.
“A democracia dos EUA não está apenas ameaçada, ela foi descarrilada. Temos uma boa chance de recuperá-la, mas não vivemos mais em um sistema totalmente democrático.”
‘Quem enfrenta Trump tem mais chance de vencer’
Ao comentar o impasse comercial entre Brasil e EUA, Levitsky afirmou que governos que enfrentam Trump com firmeza tendem a ser mais bem-sucedidos do que aqueles que cedem a suas pressões.
“É difícil pedir a qualquer governo para enfrentar Trump, mas acho que todos nós estaremos melhor se ele for contido.”

Deixe comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos necessários são marcados com *.