Falta de alimentos, desnutrição grave e mortalidade elevada: fome em Gaza atinge fase 5, o pior em escala de órgão ligado a ONU; entenda
Fome extrema: mãe palestina Samah Matar ao lado de seu filho desnutrido Youssef, que sofre de paralisia cerebral, em uma escola onde eles se abrigam na Cidade de Gaza, em 24 de julho de 2025.
Mahmoud Issa/Reuters
A fome entre palestinos em Gaza atingiu a fase 5, a mais grave de todas segundo a Classificação Integrada de Fases da Segurança Alimentar (IPC, na sigla em inglês).
Produzida pela FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), a classificação estabelece o nível 5 como “catástrofe humanitária”.
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“Crescentes evidências mostram que a fome generalizada, a desnutrição e as doenças estão provocando um aumento nas mortes relacionadas à fome”, diz o relatório do IPC.
“Dados mais recentes indicam que os limiares de fome foram atingidos em relação ao consumo de alimentos na maior parte da Faixa de Gaza e em relação à desnutrição aguda na Cidade de Gaza.”
Entenda o que significa a fase 5 da IPC, segundo a ONU:
Falta Extrema de Alimentos: Pelo menos 20% das famílias enfrentam falta extrema de alimentos. No contexto atual, o documento indica que o limiar já foi ultrapassado na maior parte da Faixa de Gaza.
Desnutrição Aguda Grave: Pelo menos 30% das crianças sofrem de desnutrição aguda. Alternativamente, para o IPC, este limiar pode ser atingido com 15% de desnutrição aguda global (entre adultos e crianças) medida pela Circunferência Média do Braço, acompanhada de evidências de uma rápida piora nos fatores subjacentes da desnutrição aguda — como falta de acesso a alimentos e falta de acesso a água potável. A desnutrição aguda disparou na Cidade de Gaza, capital do território, atingindo alarmantes 16,5% na primeira quinzena de julho, o que também cruza o limiar de fome fase 5.
Mortalidade Elevada: Ocorre um mínimo de 2 mortes não relacionadas a traumas (como por armas de fogo ou situação de combate, por exemplo) para cada 10.000 pessoas por dia.
“Fome se espalha por toda a Faixa de Gaza”
De acordo com o documento, o pior cenário de Fome está atualmente se desenrolando na Faixa de Gaza, com os limiares para consumo de alimentos já atingidos na maior parte do território.
Uma análise de maio de 2025 já projetava que toda a população enfrentaria altos níveis de insegurança alimentar aguda, incluindo meio milhão de pessoas em “catástrofe humanitária”, caracterizada por falta extrema de alimentos, inanição, miséria e morte.
Na última sexta-feira (25), Israel voltou a permitir a entrada de alimentos por via aérea em Gaza.
Criticado pelo modelo de distribuição de ajuda humanitária adotado em Gaza, o país culpa a ONU e o grupo terrorista Hamas por impedir que os alimentos cheguem à população palestina. A ONU e ONGs afirmam que são impedidos de operar em Gaza, e que um sistema humanitário adequado é boicotado por Israel.
Criança desnutrida é tratada em Gaza
HAITHAM IMAD/EPA-EFE/Shutterstock
Mortes passam de 60 mil
A ofensiva militar de Israel na Faixa de Gaza matou pelo menos 60 mil palestinos desde outubro de 2023, segundo autoridades de Saúde locais, em um conflito que devastou o território e desencadeou uma crise humanitária em sua população de mais de 2 milhões de pessoas.
A estatística foi divulgada nesta terça-feira (29) pelo Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo grupo terrorista Hamas, que é considerada confiável pela ONU e órgãos humanitários e utilizada desde o início da guerra como referência para a quantidade de vítimas.
A maioria desses 60 mil mortos são civis, mulheres e crianças, segundo a Saúde de Gaza, dado que a ONU também confirma.
Uma a cada cinco crianças está desnutrida em Gaza, segundo a agência humanitária da ONU
REUTERS
A guerra começou após integrantes do Hamas, que controla Gaza, ter realizado um ataque terrorista no sul de Israel em 7 de outubro de 2023, que matou cerca de 1.200 israelenses — mais de 250 foram levados como reféns para o território palestino.
A subsequente campanha israelense em Gaza, com operação terrestre e bombardeios quase diários, arrasou bairros inteiros e provocou diversas vezes o deslocamento forçado da população, calculada em 2,3 milhões de palestinos.