Rússia desdenha de ameaças de Trump para endurecer sanções: ‘Desenvolvemos imunidade’
Trump e Putin
Reuters
O Kremlin afirmou nesta quarta-feira (30) que a Rússia “desenvolveu imunidade” a sanções econômicas, um desdém às ameaças feitas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar “tarifas severas” de 100% ao país caso a guerra na Ucrânia não acabe até 8 de agosto.
“Vivemos sob uma enorme quantidade de sanções há bastante tempo. Nossa economia funciona sob um grande número de restrições. Por isso, é claro que já desenvolvemos uma certa imunidade em relação a isso”, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
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Segundo Peskov, essa “imunidade” viria a partir de uma “longa experiência” que a Rússia adquiriu ao longo dos anos para lidar com sanções econômicas do Ocidente, que se intensificaram amplamente após tropas russas invadirem a Ucrânia em fevereiro de 2022.
Na terça-feira, Trump afirmou que a Rússia teria apenas 10 dias para encerrar a guerra na Ucrânia, senão os EUA começariam a impor tarifas de 100% sobre a Rússia e sanções econômicas sobre seus parceiros comerciais. A fala oficializou a redução do prazo anteriormente dado pelo líder americano ao governo russo, de 50 dias, por conta de uma “decepção” de Trump com o presidente Vladimir Putin. (Leia mais abaixo)
Peskov afirmou que a Rússia continua acompanhando todas as declarações de Trump sobre o tema. Já a porta-voz do Ministério russo das Relações Exteriores, Maria Zakharova, classificou a ameaça de Trump como “rotineira” e disse que o Ocidente ainda não entendeu que sanções econômicas não funcionam contra o país.
“Vemos que o Ocidente simplesmente não consegue abandonar a questão das sanções. Parece que estão presos nesse ciclo. (…) Aparentemente, não restam outras opções — elas se esgotaram. Estamos respondendo e tomando medidas para neutralizar tudo isso ou até mesmo transformar em vantagem para nós”, disse Zakharova em entrevista coletiva em Moscou.
Desde o início da guerra, em março de 2022, os EUA impuseram uma série de sanções econômicas à Rússia, o que dificultou o comércio entre os dois países. Por causa disso, segundo a Casa Branca, os russos não foram incluídos no tarifaço anunciado por Trump em abril.
Apesar das restrições, os dois países ainda mantêm relações comerciais. Em 2024, o comércio bilateral somou US$ 3,5 bilhões, com a compra e venda de produtos como fertilizantes, metais e até combustível nuclear, segundo dados do Escritório do Representante Comercial dos EUA.
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deu um prazo de 10 dias para a Rússia encerrar a guerra na Ucrânia. Caso contrário, ele afirmou que vai aplicar “tarifas severas” de 100%.
“Estou dando 10 dias para o [presidente Vladimir] Putin a partir de hoje”, disse Trump nesta terça-feira (29), durante visita à Escócia. O prazo termina em 8 de agosto. Segundo ele, o próximo passo será impor as tarifas.
Há duas semanas, Trump já havia ameaçado aplicar tarifas de 100% à Rússia e parceiros comerciais caso um cessar-fogo não fosse firmado em até 50 dias. À época, a um assessor de Putin classificou a medida como “ultimato teatral”.
Na segunda-feira (28), Trump demonstrou impaciência com a Rússia. Ao lado do primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, antes de uma reunião na Escócia, ele afirmou que estava decepcionado com Putin.
“Vou reduzir aqueles 50 dias que dei de prazo para um número menor, porque acho que já sei qual vai ser a resposta do que vai acontecer”, disse o presidente americano.
Quando questionado sobre a possibilidade de um encontro com o líder russo para discutir o fim do conflito, Trump respondeu: “Não estou mais tão interessado em conversar com Putin”.
Com as declarações desta terça-feira, Trump reforça a percepção de que Putin tenta “enrolar” e finge negociar um cessar-fogo. Esta também é uma tentativa de pressionar a Rússia. A Ucrânia elogiou a decisão de reduzir o prazo.
Enquanto isso, analistas internacionais afirmam que tarifas dos EUA contra a Rússia podem abalar o mercado global de petróleo. Perguntado sobre esse risco, Trump disse que não está preocupado.
O Kremlin afirmou que não descarta uma reunião entre Putin e Trump em setembro, na China, durante as comemorações dos 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial. A ida de Trump ao país ainda não está confirmada.
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