Tesla concede US$ 29 bilhões em ações a Musk

O bilionário Elon Musk durante o evento conservador CPAC, realizado nos EUA
Jose Luis Magana/AP
A Tesla concedeu 96 milhões de novas ações, no valor de US$ 29 bilhões (R$ 160,8 bilhões), ao presidente da empresa, Elon Musk.
A medida busca manter Musk à frente da empresa, e vem em meio à luta do empresário contra uma decisão judicial que, no ano passado, anulou um acordo de remuneração que pagava ao bilionário mais de US$ 50 bilhões (R$ 277,2 bilhões).
Segundo o tribunal de Delaware responsável pelo caso, a decisão aconteceu porque o acordo apontou falhas no processo de aprovação pelo conselho da Tesla que prejudicariam os acionistas da companhia.
Musk recorreu da decisão em março, argumentando que o juiz responsável cometeu diversos erros jurídicos ao invalidar o pagamento recorde. No início deste ano, a Tesla anunciou a formação de um comitê especial para avaliar questões relacionadas à remuneração de Musk, sem revelar detalhes adicionais.
A Tesla vive um momento decisivo. Musk, que é seu principal acionista, com 13% da empresa, tem redirecionado o foco de uma plataforma acessível de veículos elétricos para projetos como robotáxis e robôs humanoides. Com isso, a Tesla vem se posicionando cada vez mais como uma companhia de inteligência artificial e robótica, deixando de lado o papel tradicional de montadora.
De acordo com o comitê especial, o novo pacote de ações foi criado para aumentar gradualmente o poder de voto de Musk — algo que ele e os acionistas consideram essencial para garantir seu comprometimento com os objetivos da Tesla.
“Reconhecemos que Elon está envolvido em diversos negócios, interesses e compromissos que exigem tempo e atenção, mas estamos confiantes de que esse prêmio vai incentivá-lo a continuar na Tesla”, afirmou o comitê em documento regulatório publicado na segunda-feira.
O comitê também informou que, caso os tribunais de Delaware restabeleçam completamente o pacote original de 2018, a nova concessão provisória será anulada ou compensada — ou seja, não haverá acúmulo de benefícios.
As ações só poderão ser adquiridas caso Musk permaneça em um cargo executivo relevante até 2027. Além disso, elas possuem um período de retenção de cinco anos, salvo em situações específicas como pagamento de impostos ou aquisição das ações.
Musk terá que pagar US$ 23,34 por cada ação restrita que for adquirida — o mesmo valor estipulado no pacote de 2018, segundo o documento divulgado pela empresa.
Após o anúncio, os papéis da Tesla registraram alta de mais de 2% nas negociações antes da abertura do mercado.
Vendas em queda
Apesar do avanço pontual nas ações no pré-mercado desta segunda-feira (4), os papéis da Tesla acumulam perdas de cerca de 25% neste ano. O desempenho negativo está relacionado à queda nas vendas causada pela linha de veículos envelhecida, concorrência acirrada e pelas posições políticas de Musk, que afastaram parte dos consumidores.
O cenário se agravou após cortes do governo dos EUA nos subsídios a veículos elétricos. Em uma teleconferência recente sobre os resultados financeiros, Musk alertou que a redução dos incentivos pode provocar “alguns trimestres difíceis” antes que a empresa comece a gerar receita com software e serviços de direção autônoma — o que está previsto para o fim do próximo ano.
Dados da empresa de pesquisas S&P Global Mobility, divulgados com exclusividade à Reuters, mostram que a fidelidade à marca Tesla caiu desde que Musk manifestou apoio ao ex-presidente dos EUA, Donald Trump, no último verão.
Além disso, a linha de modelos da Tesla enfrenta concorrência mais intensa de montadoras tradicionais que estão expandindo seus portfólios de veículos elétricos, como General Motors, Hyundai e BMW.
O Cybertruck, único modelo novo lançado pela Tesla desde 2020, não teve o sucesso esperado — apesar das previsões de Musk de que o veículo alcançaria centenas de milhares de unidades vendidas por ano.
g1 testou: a primeira Tesla Cybertruck que veio para o Brasil