Trump e Putin
Reuters
O presidente dos EUA, Donald Trump, disse a aliados que planeja se encontrar pessoalmente com o líder russo, Vladimir Putin, já na próxima semana, segundo o jornal americano “The New York Times”.
O plano seria que os dois se reunissem posteriormente com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. Não está claro se a reunião incluiria um anúncio de cessar-fogo entre os dois países, em guerra aberta desde 2022.
Putin e Zelensky não conversaram diretamente nenhuma vez desde o início dos combates, há cerca de três anos e meio.
Nesta quarta-feira (6), um encontro entre Putin e o enviado especial dos Estados Unidos, Steve Witkoff.
Segundo Trump, o encontro foi “altamente produtivo” e gerou “grande progresso”. Já os russos chamaram a reunião de “útil e construtiva”, e que houve uma “troca de sinais” entre Moscou e Washington.
“Meu enviado especial, Steve Witkoff, acabou de ter uma reunião altamente produtiva com o presidente russo Vladimir Putin. Grandes avanços foram alcançados! Depois disso, atualizei alguns de nossos aliados europeus. Todos concordam que esta guerra precisa chegar ao fim, e trabalharemos para isso nos próximos dias e semanas”, afirmou Trump em sua rede social Truth Social horas após o fim da reunião.
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A reunião entre o líder russo e o representante americano ocorreu dois dias antes do fim do ultimato estabelecido por Trump para que a Rússia termine a guerra na Ucrânia, sob ameaças de impor “tarifas severas” de 100% sobre os russos e seus parceiros comerciais.
Trump não entrou em detalhes sobre possíveis progressos no impasse entre EUA e Rússia, porém o encontro não mudou a posição da Casa Branca sobre as “tarifas severas” de 100% que Trump prometeu aos russos, afirmou um oficial do governo americano à agência de notícias Reuters.
O assessor de Putin, Yury Ushakov, foi a primeira autoridade dos dois países a se manifestar após a reunião, que durou cerca de três horas. Ele adotou tom otimista e afirmou que houve uma “troca de sinais” entre os governos americano e russo, porém sem dar mais detalhes do que isso significaria. Os russos tendem a buscar um adiamento na imposição de sanções, marcadas para esta sexta-feira (8).
“O enviado especial do presidente dos EUA, Steve Witkoff, foi recebido pelo nosso presidente nesta manhã. Eles tiveram uma conversa bastante útil e construtiva (…) Eles discutiram a crise na Ucrânia e as perspectivas de desenvolvimento da parceria estratégica entre Rússia e EUA. Da nossa parte, enviamos alguns ‘sinais’, e também recebemos alguns sinais de Trump”, afirmou o assessor do Kremlin, Yury Ushakov, a jornalistas.
O CEO do Fundo Russo de Investimento e enviado especial de Putin para investimento e cooperação econômica, Kirill Dmitriev, também chamou o encontro de “construtivo” e disse que “o diálogo vai prevalecer”.
Trump informou o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, sobre a reunião entre Putin e Witkoff em ligação telefônica nesta quarta. O presidente americano disse ter atualizado também os aliados europeus sobre o encontro. Zelensky afirmou que todos estão em sintonia de que “a guerra tem que acabar” e disse que “a pressão sobre a Rússia está funcionando”.
Vladimir Putin com o enviado especial dos EUA Steve Witkoff
Sputnik/Gavriil Grigorov/Pool via REUTERS
Escalada de tensões EUA-Rússia
O encontro entre Putin e Witkoff ocorreu em uma sala no Kremlin, em Moscou, e durou cerca de três horas. Assessores do governo russo, como Ushakov e Dmitriev, também estiveram presentes. O aperto de mão com sorrisos entre líder russo e o emissário de Trump no início do encontro contrastaram com a atual fase nas relações EUA-Rússia, de escalada de tensões e ameaças.
O emissário, braço direito de Trump em missões de paz, já havia se reunido em várias ocasiões com Putin, sem conseguir um acordo para o fim da guerra.
As relações entre Moscou e Washington ficaram ainda mais tensas desde a semana passada, depois que Trump enviou dois submarinos nucleares em resposta a ameaças do ex-presidente russo Dmitri Medvedev com o sistema nuclear apocalíptico “Mão Morta”.
Além disso, o presidente americano concedeu à Rússia um prazo de 10 dias, até sexta-feira (8), para que o país detenha sua ofensiva na Ucrânia ou enfrente novas sanções que não foram especificadas.
Zelensky pediu nesta quarta-feira o “reforço de todas as alavancas de que dispõem os Estados Unidos, a Europa e o G7” contra a Rússia, aproveitando a presença de Witkoff em Moscou.
O Kremlin só “buscará acabar com a guerra quando sentir pressão suficiente”, disse.
Trump também ameaçou impor tarifas adicionais aos países que fazem comércio com a Rússia, como China e Índia. O republicano, que iniciou o segundo mandato em janeiro com a promessa de acabar com a guerra na Ucrânia em poucos dias, está cada vez mais frustrado com Putin.
Quando os jornalistas perguntaram qual seria a mensagem de Witkoff a Moscou e se a Rússia poderia evitar as sanções, ele respondeu: “Sim, alcançar um acordo para que as pessoas parem de morrer”.
Moscou respondeu que considera as ameaças “ilegítimas”.
Enviado de Trump se encontra com Putin perto de expirar ultimato
Compra de armas
Trump afirmou que aguardaria o resultado da reunião em Moscou antes de decidir sobre as sanções. “Vamos ver o que acontece (…) Faremos a determinação neste momento”, disse.
Apesar da pressão americana, os combates prosseguem: as autoridades ucranianas relataram que pelo menos duas pessoas morreram e 10 ficaram feridas nos bombardeios da madrugada de quarta-feira na região de Zaporizhzhia.
O Ministério da Defesa da Rússia anunciou a interceptação de 51 drones ucranianos na madrugada de terça para quarta-feira.
O Exército russo lançou 6.297 drones contra a Ucrânia em julho, um recorde desde o início da invasão em 2022, segundo um levantamento da AFP com base em dados divulgados por Kiev.
Para reforçar as defesas da Ucrânia, Suécia, Dinamarca e Noruega anunciaram na terça-feira a intenção de comprar armas americanas.
Estocolmo, Copenhague e Oslo doarão 500 milhões de dólares (2,75 bilhões de reais) em ajuda militar, incluindo sistemas de defesa aérea, armas antitanque, munições e peças de reposição.
“A Ucrânia não luta apenas por sua própria segurança, mas também pela nossa”, destacou o ministro da Defesa da Suécia, Pal Jonson.
No mês passado, o presidente americano anunciou um projeto em colaboração com o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, para que os aliados europeus e o Canadá adquiram armas americanas, incluindo sistemas avançados Patriot.
Putin afirmou na sexta-feira que deseja a paz, mas se recusa a reduzir suas exigências.
O presidente russo pede que a Ucrânia ceda quatro regiões parcialmente ocupadas (Donetsk, Lugansk, Zaporizhzhia e Kherson), além da Crimeia, anexada em 2014, e que o país renuncie ao fornecimento de armas ocidentais e ao projeto de adesão à Otan. Kiev considera as condições inaceitáveis.

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